As informações são da Zero Hora |
O aparente "empobrecimento", diz a revista, é uma tentativa de livrar os bens de bloqueios judiciais e dos confiscos. Os ministros concluíram que sete políticos cometeram crime de lavagem de dinheiro para se beneficiar de recursos que circularam no esquema. Se a cobrança de uma indenização prosperar durante o julgamento, os condenados poderão inclusive perder seus bens para devolver à União as quantias milionárias desviadas.
O problema será encontrar os bens. Para reconstituir as manobras usadas pelos réus para proteger imóveis e empresas, a reportagem cruzou dados das declarações de Imposto de Renda dos acusados de lavagem, pesquisou informações de cartórios e obteve escrituras e certidões que compõem a íntegra da ação em análise pela Corte. Os documentos mostram que, nos últimos sete anos, pelo menos quatro dos condenados doaram imóveis a familiares ou transferiram propriedades e cotas de empresas para terceiros.
A estratégia de transferir a propriedade de bens para impedir que sejam usados para ressarcir o dinheiro desviado segue o modelo de conduta do empresário Marcos Valério, condenado a 40 anos de prisão e multa de R$ 2 milhões. Mesmo com o patrimônio bloqueado, diz a revista, ele continuou comprando carros e imóveis em nome da filha para driblar a lei.
O Ministério Público Federal chamou a atenção do Supremo sobre os riscos de ele movimentar recursos, mas não deu a devida atenção aos parlamentares envolvidos na denúncia. De acordo com um dos ministros, as transferências de propriedades feitas por alguns dos condenados poderiam ter sido evitadas com bloqueios preventivos.
Confira o que diz a reportagem da revista:
Valdemar Costa Neto
Era dono de duas mineradoras, cinco imóveis e outros bens que somavam R$ 5 milhões. Se desfez da maioria das propriedades. Transferiu um apartamento para a ex-mulher e doou o imóvel onde mora para os filhos. O parlamentar também deixou a participação em empresas. Em seu nome, tem uma casa, um túmulo no cemitério e um sítio.
Romeu Queiroz
Tinha oito fazendas, um haras, quatro apartamentos em Belo Horizonte, um flat em Brasília e outros bens que somavam R$ 3 milhões. Passou parte das fazendas para os três filhos e reduziu as suas cotas nas empresas em benefício da esposa. Com patrimônio equivalente à metade do que tinha, não é dono sequer do apartamento onde mora.
Pedro CorrêaEm 2004, ex-presidente do PP era proprietário de 18 apartamentos, duas casas, dois flats e duas fazendas. Atualmente, o pernambucano mantém em seu nome apenas um prédio, cujo usufruto registrado no cartório do 1º ofício do Recife pertence ao filho e à nora. Corrêa deixou a política, mas conseguiu eleger a filha Aline Corrêa deputada federal.
Bispo RodriguesAntes detentor de patrimônio de R$ 19 milhões, mantém apenas 50% de participação acionária de duas empresas. As ações em outras firmas desapareceram. Após deixar a Igreja Universal, teve de entregar uma casa luxuosa em Brasília para outro pastor. Em seu nome, não há imóveis e o patrimônio declarado não ultrapassa R$ 2 milhões.
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