A blogueira cubana Yoani Sánchez causou tumulto ao chegar à Câmara dos Deputados para exibição do documentário "Conexão Cuba-Honduras", no início da tarde desta quarta-feira 20. Antes de chegar ao Plenário 1, onde foi exibido o filme do cineasta brasileiro Dado Galvão, Yoani passou pelo Plenário e causou confusão ao interromper a sessão que estava em andamento.
Os parlamentares que participam do debate, quase todos do PSDB e do DEM, recebem a dissidente cubana com pompa, enquanto movimentos sociais protestam a favor e contra Yoani no corredor. Também participa do evento o senador do PT Eduardo Suplicy, que tem defendido o diálogo com a jornalista. Os que a apoiam utilizam frases como "Abaixo a ditadura!", enquanto as que a criticam dizem "Cuba sim, ianques não. Viva Fidel!".
No debate, os tucanos voltaram a mencionar o suposto dossiê elaborado contra a dissidente cubana e citado pela revista Veja no último final de semana . "O que ocorreu em Brasília não pode ser ignorado pelo governo brasileiro", afirmou o senador Alvaro Dias (PSDB-PR). "Há uma afronta à soberania de nosso país. Embaixadores de Cuba e Venezuela rasgaram a Convenção de Viena", acrescentou.
Segundo o líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), a luta de Yoani Sánchez não é contra ninguém, é a favor da liberdade de imprensa. Ele lamentou os protestos contra a cubana que aconteceram em algumas capitais por onde ela passou, como Recife e Salvador. "Quero pedir desculpas em nome do PSDB pelas agressões que você sofreu. Esse não é o retrato do Brasil", disse Sampaio.
Oposição acusa "manobra" da TV Câmara
Depois de muita polêmica no Plenário, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), autorizou a TV Câmara a transmitir a palestra de Yoani Sánchez. Após uma série de protestos de deputados governistas, pelo fato de a TV Câmara ter de mostrar ao vivo a sessão do Plenário, o presidente da sessão, deputado Simão Sessim (PP-RJ), afirmou que o debate com a blogueira seria transmitido ao vivo pela internet e pela TV Câmara depois que a sessão terminasse.
No início da sessão, o líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), ameaçou obstruir os trabalhos, para permitir que os deputados participassem de reunião com a blogueira, além de liberar a TV Câmara para mostrar o documentário de 11 minutos em que ela faz críticas ao regime cubano.
O deputado disse que a convocação da sessão extraordinária não se justificava, inclusive por ter sido feita na noite desta quarta, por e-mail, duas horas depois do encerramento dos trabalhos da Casa. Caiado argumentou que a MP 582/12, que amplia a desoneração da folha de pagamentos e que está sendo analisado no Plenário, não é polêmica e poderia ser aprovada em poucos minutos na sessão ordinária que se realizaria à tarde. Segundo ele, a convocação da sessão extraordinária foi uma "manobra", para que ocorresse no mesmo momento em que a blogueira estava visitando a Câmara.
"Não tem mais nada na Ordem do Dia. Por que foi antecipada? Simplesmente para cercear o direito de uma pessoa falar livremente no Congresso Nacional. É inadmissível que esta Casa se subordine aos interesses do Palácio do Planalto e para impedir a livre manifestação da blogueira cubana", disse Caiado. O deputado Fernando Ferro (PT-PE) rebateu, dizendo que Yoani Sánchez "ganha dinheiro para fazer propaganda contra o regime do qual ela discorda" e que "é descabido fazer disso uma questão nacional no Brasil".
Com Agência Câmara
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