Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) cansou de aparecer do “lado errado” do noticiário. Agora ele também quer a simpatia de algumas almas militantes disfarçadas de repórteres e editores. Agora ele quer ser um homem bom. Decidiu que o seu passaporte para o mundo dos justos se chama Marco Feliciano (PSC-SP). Quanto mais ele malhar e pressionar o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, melhor. Há até a chance de que esqueçam os casos em que ele próprio, Alves, está enrolado. A questão do casamento gay agora é uma lavanderia de reputações.
Não é o caso de Alves, é certo, falo em tese: hoje, o pior salafrário, o pior bandido, o pior facínora que eventualmente se declararem a favor da “causa homoafetiva” estarão perdoados. Mas se descarte que possa haver homens pios, pessoas boas e honestas, porém contrárias ao casamento gay. Quando papa Francisco pisar em solo brasileiro, que a nossa imprensa militante tenha, afinal, a coragem que demonstra contra Feliciano: “Chega o homofóbico que comanda a Igreja Católica”.
Dias de burrice e de intolerância. Alguns estão se esquecendo de que a razão de ser do regime democrático é articular as divergências. Mas não tem essa, não! Agora Henrique Eduardo Alves é da turma.
Abaixo, informa Gabriel Castro, da VEJA.com, o presidente da Câmara cancelou a viagem que Feliciano faria à Bolívia para verificar a situação em que estão os 12 brasileiros ilegalmente detidos. Foram, como lembrou a professora Janaína Paschoal, “sequestrados”. Os dois conversaram por telefone. Consta que Alves não estava de muitos bons bofes. Eu entendo. Quando um notável progressista como ele se vê contrariado, sabem cumé… A sua longa trajetória de parlamentar dos pés descalços vem à mente. Alves quer a renúncia de Feliciano.
Também teria ficado descontente com a decisão tomada pela comissão, que resolveu impedir a entrada de baderneiros nas sessões. Na sua estratégia, quanto mais inviáveis forem as sessões, melhor. Tenta, por esse caminho, forçar a renúncia de Feliciano. Leia texto da VEJA.com.
Pressionado, Feliciano cancela viagem à Bolívia
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Marco Feliciano (PSC-SP), cancelou a viagem que faria à Bolívia na próxima semana. O parlamentar havia agendado uma visita aos doze corintianos presos há 42 dias na cidade de Oruro após a morte do garoto Kevin Espada, em fevereiro. Mas, depois de mais uma conversa com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Feliciano desistiu da viagem.
Henrique Alves, a quem cabe regimentalmente o dever de autorizar as viagens em missão oficial, não estava muito disposto a permitir a saída de Feliciano; alegava que outros parlamentares já haviam tomado a iniciativa de visitar os torcedores. O presidente da Câmara tem feito críticas públicas à postura de Feliciano à frente da comissão.
A assessoria de Feliciano nega que a desistência tenha relação com a pressão de Alves pela sua renúncia ao cargo e diz que o próprio deputado resolveu adiar a viagem porque um outro grupo de parlamentares embarcou nesta sexta-feira para a Bolívia com o mesmo objetivo. A assessoria não descarta que o deputado visite os prisioneiros em outra ocasião.
O requerimento que trata da viagem à Bolívia foi sugerido por Feliciano e havia sido aprovado na última quarta-feira, em reunião da Comissão de Direitos Humanos. O deputado embarcaria provavelmente na noite da próxima terça-feira, acompanhado de Antônia Lúcia (PSC-AC), primeira vice-presidente da comissão, e Anderson Ferreira (PR-PE), terceiro vice-presidente.
STFFeliciano tem depoimento marcado para esta sexta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF). O deputado é acusado de estelionato por não ter comparecido a dois cultos no Rio Grande do Sul após ter recebido 13 300 reais para participar dos eventos. O ministro Ricardo Lewandowski, relator do caso, determinou que o depoimento deverá ocorrer a portas fechadas. A defesa de Feliciano afirma que o deputado se ausentou por razões de saúde, e diz que ele já devolveu o dinheiro.
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